Thursday, September 08, 2005

o começo é o fim é o começo

som de aplausos ao fundo...

Olha, primeiramente queria deixar claro que nós não combinamos nada.
Cada um preparou seu próprio discurso, e tinha a liberdade para falar sobre o que bem quisesse.

Tema livre.

Eu acabei me apropriando de um texto meu antigo, achei que combinava, desenterrei-o sem querer, e para ser sincero nem lembrava de sua existência. Foi uma redescoberta para mim, Foi como se tivesse feito, sem pensar, uma luva de lã, deixado de lado na gaveta, e só entendesse o significado daquilo mais tarde, quando nevou em pleno verão. Eu reli meu texto que tinha escrito no passado, sem intenções algumas, e percebi que ele se encaixava aqui, agora, nesse contexto como... uma luva, servia como minha introdução.

Não tínhamos instruções alguma, não sabíamos o que cada um ia falar. Improvisamos, e espero que vocês tenham gostado da abertura de cada um.

Estava relendo cada um dos textos abaixo, e não pude deixar de notar a influência da cultura dos países de origem em cada um. Explico.

No primeiro, eu, sansei, discursei sobre o silêncio, um conceito importantíssimo para aqueles que vêm da terra do sol nascente. No 'ocidente' se dá tanta atenção ao barulho, os filmes não podem ter momentos silenciosos, sempre há uma música ao fundo, sempre está acontecendo algo. As músicas são sempre repletas, ricas de sons e barulhos, não se podem dar ao luxo de pausas ou vazios. Não se pode deixar espaço para que aquele silêncio desconfortável invada e preencha o ambiente............... ahhhh esse silêncio que me mata! (o silêncio é perigoso) ............................ não se pode deixar que ele tome conta de tudo tudo tudo tudo tudo tudotudotudotudotudotudosemespaçosparaaausência.

Um segundo ângulo do texto, é que nós japoneses, damos muita importância a nossos antepassados, à nossa família, aos que nos precederam, aos ensinamentos antigos que se passam na forma de lendas, contos. estórias, ou fábulas se preferir. Valorizamos o passado em nosso presente transiente. É irônico então para mim que esse texto tenha vido de um 'eu' antigo, de um 'eu' que está perdido para sempre há 3 anos atrás e que ainda sim tem coisas para me ensinar.

Mas chega de falar:

Um silêncio vale mais do que mil palavras.






















* suspiro *

O segundo, o alemão, utilizou suas palavras com uma sutileza atípica,
para discursar sobre organização. A importância de se ter uma estru-
tura, tudo tem um começo, meio e fim. Ás vezes, tem até um prelúdio.
Arrume, ajeite e ordene suas idéias em pró de um objetivo. Organiza-
ção, a virtude-defeito que caracteriza de forma inequívoca esse povo
que floresce espremido entre as Europas. Ordem e progresso! o lendá-
rio bordão da bandeira alemã. Observem por exemplo o time de futebol
deles, mesmo sem craques, eles trabalham como operários, são adver-
sários difíceis sempre. Quando contam com a sorte de ter um gênio do
calibre do Beckenbauer, não há quem segure. Mas isso é lógico, não??

Bem, o outro tricampeão no futebol, o italiano, não poderia ficar impassivo ao ver tamanho gosto pela ordem e pela lógica. E replicou, em seu discurso-diálogo-resposta.
Choveu impetuosidade italiana.

Poderia aqui falar sobre a cultura italiana, mas seria mais italiano, não perder tempo com discursos, e resumi-la com as palavras de um ilustre italiano, Federico Fellini: "Non c'è fine, non c'è inizio, c'è solo la passione infinita della vita". (Não há fim. Não há início. Há apenas a paixão infinita pela vida.)

Trouxe o tempero que faltava, a contradição, o choque, o conflito para tirar isso tudo aqui da monotonia.
passado-ordem-paixão-silêncio-lógica-presente

Reafirmo.
A beleza de tudo, é que foi uma coincidência, uma causalidade. E é assim que isso aqui vai se formando, se tornando o que deveria ser desde o princípio, o que não sabíamos e nem imaginávamos. Deixo também claro é que essa é a minha interpretação sobre os textos, até mesmo sobre meu próprio texto que parece para mim, alheio, de um 'eu' que já é passado, e por isso sou livre para interpretá-lo também.

Sabíamos que ao nos tornarmos autores estaríamos sujeitos a análises diversas, interpretações de pessoas como eu. E para mim, a temática dos textos foi mais que uma causalidade, acho que foi uma expressão inconsciente de nossa cultura ancestral. E talvez essa seja a intenção disso tudo aqui, DISSO TUDO AQUI (disso tudo aqui) disso tudo aqui...

a qual ainda estamos tentando descobrir.

som de silêncio ao fundo

1 Comments:

At 3:08 AM, Anonymous Anonymous said...

Postem alguma coisa ae baralho
=P

 

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